segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Rush . Fly by Night . 1975


Depois de quase um semestre sem escrever resenhas, notei que estava desenvolvendo uma tremedeira muito parecida com aquela que tenho se fico muito tempo sem tocar bateria (os leitores que tocam podem falar, muito triste, quase trágico...). Surgida a oportunidade de escrever novamente, nada como curar meu pseudo-Parkinson falando de Rush, uma das maiores bandas surgidas na era em que os dinossauros do rock dominavam a Terra (60-70) e que ainda está na ativa e em plena forma. Pergunto-me o que esses caras tomavam na época pra ter esse pique até hoje, e não falo somente de Rush, temos Iron Maiden, Deep Purple, Kiss, Rolling Stones entre outras instituições jurássicas ainda caminhando entre nós...após divagar um pouco acerca da questão, acho sábio parar por aqui antes que comece a fazer apologia a alguma coisa ilícita... Rush!!!...voltemos, voltemos...

Provavelmente serei motivo de chacota dos fãs mais aficionados e quiçá terei que me acostumar com uma teimosa mira a laser entre meus olhos quando estiver na rua, mas não sei por que não considerar Fly By Night (FbN), ao menos honorariamente, um álbum clássico do Rush. Eis os motivos: primeiramente, é o álbum onde a banda canadense começou seu flerte com o progressivo, deixando para trás o hard rock bluesístico, fundamentado no estilo dos britânicos do Led Zeppelin (vide o primeiro álbum da banda, auto-intitulado), para se tornar um dos ícones do já citado prog; segundo, é o álbum de estréia de ninguém menos que Neil Peart (bateria). Aliás, para quem não conhece o figura aí, primeiramente bem-vindo ao planeta Terra... ok, deixemos intolerâncias de lado, vou reformular: bem-vindos ao planeta bateria... Sim, Peart é simplesmente um dos bateristas que mais influenciaram as vindouras gerações de aspirantes à prática e à boa execução deste instrumento, talvez somente atrás do mestre/guru/o cara Buddy Rich. Além de suas performances desconcertantes atrás de sua bateria de 360º (cara...que inveja), Neil também se mostrou um exímio letrista, fazendo contribuições um tanto relevantes às músicas do power-trio de Toronto. Que sejam bastantes tais motivos para darem certo destaque ao segundo álbum dos canadenses. Vamos às músicas!

Cinco socos na gengiva começam a “FbN Experience” em grande estilo. Caras, lembro-me que na ocasião em que escutei Anthem (e Rush) pela primeira vez: nada me impediu de soltar um “Nuosssssaaaaahhh!!!”, saltar da poltrona em que estava e atingir de maneira letal o primeiro objeto frágil que encontrei...pobre, pobre animalzinho... Exageros cartunescos (e luto) à parte, imagino que não haveria melhor escolha como primeira música de FbN. Com sua introdução memorável, a performace de Peart, Alex Lifeson (guitarra e violão) e Geddy Lee (baixo, voz e sintetizadores), e linhas vocais de timbre peculiar, Anthem vai direto ao assunto, de certo modo introduzindo a nova proposta musical da banda. Um dos destaques do trabalho.

Uma frase matreira de Peart, seguida por uma levada malandra de Lifeson iniciam Best I Can. Considero esta a música mais rock´n roll do álbum, ainda que as frases de Neil nos lembrem que o estilo da banda é outro. Já Beneath, Between & Behind, soa tão agradável quanto sua colega, apesar do quê a mais de peso, principalmente nas guitarras e vocais, estes um tanto mais agressivos. Diria que são boas composições, mas imagino que não estaria sozinho ao pensar que comparadas a outras que o Rush apresenta neste disco (e nos vindouros), elas não têm muito destaque. Aliás, isto se confirma com a próxima música...

By-Tor and the Snowdog figura talvez como o ponto culminante de FbN. De fato, talvez também figure como o ponto culminante das performances ao vivo, ainda que, com tantos clássicos, pergunto-me se existe algum ponto não culminante nos shows do Rush. Enfim trata-se basicamente do desenvolvimento da proposta prog que Anthem já preconizava; uma composição onde o trio Lifeson, Lee e Peart mostra a que veio, cada um com seu momento de destaque, numa insana mistura de feeling, musicalidade, alegria do rock´n roll, o vigor e peso do hard rock e efeitos, muitos efeitos do prog...

Uma simpática seqüencia de acordes (algo me diz que o timbre da guitarra potencialize este “efeito simpatia”) e comentários pertinentes de Neil (aliás, vindos de quem vêm, tenho dificuldade em não considerá-los desta forma, desculpem...), iniciam Fly by Night, a faixa título, candidata a música mais “pra cima” do álbum e primeiro sucesso comercial do Rush. Imagino que a “temática do recomeço” que a letra tem, aliada ao otimismo passado pelo instrumental construam bem a atmosfera à qual me refiro. Destaque para o solo, seu feeling e energia me fizeram tê-lo como o ponto alto do “efeito simpatia”. Moçada, só ouvindo para se ter uma idéia do que estou tentando passar, mas enfim, quanto otimismo! Otimismo este, aliás, que envolveria o restante das músicas do álbum. Não que as canções anteriores não o tivessem em algum grau, mas as consideraria mais... hum... enérgicas talvez, do que otimistas...

Uma levada violonesca um tanto country inicia Making Memories. O clima otimista, como dito anteriormente, persiste nesta aqui, e muito remete a uma viagem no melhor estilo Easy Rider, ainda que o clima de Canadá que envolve o Rush nas concepções deste que vos escreve descarte qualquer imagem desértica necessária a uma travessia pela Route 66. Quem sabe apenas uma moto, uma bela estrada cercada de pinheiros, o ar cortando a face e... ok, ok, à próxima faixa...

As primeiras notas da música seguinte nos fazem notar que Making Memories agiria como uma intermediária rítmica entre a agitação de Fly by Night e a calmaria de Rivendell. Exato... Rivendell ou Valfenda para aqueles que se deram ao trabalho de checar os nomes em inglês dos paradisíacos resorts élficos da mitologia Tolkieniana. O lirismo e sensibilidade desta faixa (que por sinal suplantam a linha otimista) seriam motivos o bastante para ser considerada a mais bela de FbN. Destaque para a performance “bardo élfico” de Lifeson, linda composição.

Para fechar o álbum, temos a pertinentemente intitulada In the End, começando com tom lírico semelhante a Rivendell, apesar de que, desta vez, Lifeson tenha abandonado seu manto élfico na abordagem do violão. De qualquer maneira, o lirismo acústico é trocado pelo estridente otimismo das guitarras perto do segundo minuto de música, ainda que sem o mesmo peso e vibração que demonstravam na faixa-título do álbum. Dando suporte às guitas, temos um groovie pulsante de Peart, e as peculiares linhas vocais de Lee. Agradável composição fechando a trilogia “life is beautifull” das três faixas “otimistas” (tenhamos Rivendell como exceção) e o álbum em si. Contudo, diria que algo falta à conclusão da obra. Algo que finalize o disco do mesmo modo que foi introduzido (socos na gengiva, lembram-se?), algo que potencialize o suposto efeito “Nuosssssaaaaahhh!!!” (com as devidas precauções), criando, quem sabe, uma expectativa, um desejo, enfim, aquela tresloucada ânsia de ouvi-lo novamente... De qualquer modo, vale ressaltar que isto não tira os créditos de In the End afinal.

Fly by Night, não é o melhor álbum do Rush, tampouco o mais criativo, mas recomendo aos leitores que o escutem, pelos mesmos motivos que o considerei um “álbum clássico honorário” no início desta resenha e como registro da evolução da banda ao longo do tempo, o que levaria à criação de verdadeiros clássicos como 2112. Lembremos, músicas como Anthem, e By-Tor and the Snowdog definitivamente não estão lá para enfeitar...

Resenha originalmente publicada no blog From Here to Eternity em julho de 2008.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Yes . Fragile . 1972


“O prog mudou minha vida”, assim me disse uma amiga em uma elogiosa e animada discussão sobre o rock progressivo setentista. Apesar da banda em pauta ser a aclamada Jethro Tull, imagino que não serei crucificado se estender os elogios tecidos aos seus também míticos compatriotas, súditos da Coroa Britânica. O Yes, assim como outros contemporâneos do prog, não mudou apenas a vida de minha amiga. De fato, não seria exagero colocá-lo como divisor de águas dentro da história geral do rock.

Fragile, lançado em 1972, assim como Close To The Edge (1972), foi agraciado por um Yes até hoje considerado em sua melhor formação dentre inúmeras outras. Com Jon Anderson (vocais), Chris Squire (baixo e vocal), Rick Wakeman (teclados), Bill Bruford (bateria) e Steve Howe (guitarra e vocal), a banda nos apresenta um álbum onde o individual e o todo se destacam e complementam com maestria. Para ser mais claro, das 9 faixas que constituem Fragile, 5 são dedicadas ao desempenho individual dos músicos, e o restante é composto pela cooperação de toda a banda.

Por um momento, atentemos para o aparente conflito entre os caracteres antagônicos do indivíduo e do todo, que ainda serve de tema para acaloradas discussões sobre música - aliás, discussões essas sem sentido por motivos apresentados logo adiante. Assumindo as formas de, respectivamente, virtuosismo/técnica e musicalidade, o indivíduo e o todo muitas vezes são comparados a água e óleo, imiscíveis, quando, como nos mostrou o Yes em Fragile (e, diga-se de passagem, já faz alguns anos), estes são duas das ferramentas necessárias à boa composição e ampla abertura dos horizontes musicais. Admitindo a importância da musicalidade como inquestionável, faço um comentário sobre técnica a fim de logo acabar com esse devaneio: digamos que técnica seja como comida, como defende toda cozinheira de mão cheia: “melhor sobrar do que faltar!”. Em outras palavras, acho difícil dizer qual a situação mais frustrante: uma virtuose musical sem a humanidade da arte, ou uma bela música que não pode ser tocada pela falta de técnica de seus idealizadores.

Concordo com os impacientes, falávamos de Fragile... hum... Yes?...ah sim sim!...ok, vamos às músicas!

Roundabout começa com uma solitária nota em fade in, culminando com um harmônico de violão, e uma intro sugerindo o envolvente ritmo flamengo. Segue-se então um envolvente e até dançante groove de Squire, acompanhado por Bruford. Boatos sugerem que Roundabout, com os inúmeros timbres de Wakeman, vocais agudos de Anderson, as linhas rítmicas jazzísticas de Bruford, o timbre agudo do baixo Rickenbacker de Squire, e o arsenal de instrumentos de corda de Howe, representa uma síntese do estilo que norteou o prog rock nos anos seguintes. Admito que figuro como “descobridor” recente do Yes, mas não negaria meu apoio à essa tese. Afinal, não é a toa que Roundabout virou o hit do álbum, e hino para os fãs...

A segunda faixa talvez seja de fácil identificação para os aficionados por música erudita. Cans and Brahms nos mostra as viagens de Wakeman, seu piano elétrico e seu órgão, com base no terceiro movimento da Quarta Sinfonia em Mi menor, do erudito alemão Johannes Brahms. Trata-se de um comentário, digamos, de 1:42 minutos de duração, inaugurando as idéias pessoais contidas no disco.

A seguir, temos We Have Heaven como contribuição pessoal de Anderson para o álbum. Com a estrutura baseada no trabalho vocal, esta animada canção muito me remete a crianças brincando de roda alegremente em um verdejante gramado. Imagino que tal imagem seja resultado do efeito entorpecente que um bom prog causa. Se assim o for, não tenho nada contra...

Um fechar de porta finalizando a faixa anterior, o trotar de um cavalo, ventos gélidos anunciando a tormenta que se avizinha, raios e trovões!!!... Ok, ok, não cheguei a sentir frio com o som do vento, mas, ao menos, é o que sugere a introdução de South Side Of The Sky. A guitarra em primeiro plano, complementada pela dobradinha rítmica de Squire e Bruford, os comentários pertinentes de Howe aqui e acolá, as belíssimas passagens de Wakeman ao piano e o trabalho vocal de Anderson fazem da música uma aspirante a melhor de Fragile, ainda que a candidatura possa sofrer oposição dos defensores de Runabout. Saia justa meus caros leitores, situação difícil. Felizmente, estamos falando de Yes. Nada mais justo e seguro que considerar vencedoras ambas as músicas beligerantes, afinal, a lenda diz que o confronto de clássicos resulta numa batalha de 1000 dias... desculpem-me caras...acho que o prog efect esta ficando mais forte...

Five Per Cent For Nothing resulta de uma idéia de Bruford, e tem a repetitiva, ainda que intricada levada de batera em primeiro plano. Dura cerca de 35 segundos, e de certa forma introduz a faixa seguinte, Long Distance Runabout, que principia com uma levada um tanto quanto jazzística de Howe, seguida pelo criativo groove de praxe, desenvolvido por Squire e Bruford. Diria que os acordes em colcheia do piano, os comentários da guitarra, a caixa acentuando a 5ª colcheia na peculiar levada de bateria, e a bela melodia de Anderson fazem de Long Distance Runaround uma canção notável. A bela passagem de Howe no final da faixa é quase que imperceptivelmente emendada à música seguinte, The Fish (Schindleria Praematurus). Esta aqui se trata da contribuição de Squire, sendo constituída de várias linhas de baixo, grandes doses de efeitos, bateria e alguns trabalhos vocais no último minuto da faixa, finalizando assim, o bloco de músicas emendadas.

Com acordes de violão Mood For A Day, principia-se como mais uma música com intro “violonesca”. Contudo, atentando ao seu desenvolvimento, notamos que se trata da contribuição de Howe para as faixas individuais do disco. De rara beleza musical e interpretativa, Mood For A Day nos brinda com um dos momentos mais belos e até mesmo singelos de Fragile. Certamente a mais relevante das contribuições do indivíduo e prol do álbum.

Fechando o álbum de maneira não menos que áurea, Heart Of The Sunrise tem em sua intro a passagem mais pesada dentre as 9 músicas do disco. A dobradinha Squire/Bruford que se segue tem como fundo uma tensão crescente imprimida por Wakemam e ameaças da guitarra de Howe, desaguando novamente no pesado tema introdutório. Linhas de guitarra e voz dão continuidade à faixa, acompanhadas posteriormente por bateria, baixo e acordes sugestivos de teclado. Destaque nesta passagem à capacidade interpretativa de Anderson e Bruford. O desenvolvimento de um belo tema ditado por Wakeman posteriormente, a retomada das linhas de voz, dessa vez mais vigorosas, e novamente o motivo da intro, compõe os últimos minutos da faixa. Um abrir de portas nos lança novamente a temática de We Have Heaven que parece silenciar á distancia, com um fade out...Oh droga!...a brincadeira de roda terminou...

O que faz de Fragile um álbum clássico? Seriam simplesmente as excelentes composições? Talvez o fato do Yes estar na sua considerada melhor formação? Seria o ano de seu lançamento, que coincidiu com o auge do movimento progressivo e de um contagiante espírito prog que acometeu os membros do Yes assim como do Jetrho Tull, Emerson Lake & Palmer entre outros? Quem sabe, a pura e simples experiência de ouvir o disco e deixar-nos levar já nos leve a essa conclusão... Ou por acaso seriam todos esses elementos, unidos, complementando-se, tornando-se cada vez mais coesos e partes de um todo que lançaria o Yes para o rol dos eternos? Certamente é mais fácil enumerar outras razões a dar uma resposta definitiva à questão. De qualquer forma, SIM (ou seria YES?... meu Deus...), ao ouvir Fragile, tenha certeza de que está diante de um clássico...


Resenha originalmente publicada no blog From Here to Eternity em fevereiro de 2008.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ancesttral . The Famous Unknown . 2007


Meu primeiro contato com essa banda foi em meados de 2007 quando, ao abrir o jornal Comércio do Jahu, topei com um tema metálico logo na primeira página. Algo como “Guitarrista jauense lança CD de rock pesado”. O nome: Leonardo Brito, amigo de muitos da que considero a velha guarda do Heavy em Jaú. “Wowowowow........wow...” logo pensei enquanto fazia gestos aparentemente incompreensíveis às pessoas presentes na sala em que estava: “Heavy Metal na primeira página?!....hum....leia-mos, leia-mos...” concluí, com um discreto sorriso e menos discreto rubor na face, já ciente que a abstenção de tais gestos grotescos deixaria meus colegas de recinto mais à vontade.

Tratava do álbum de estréia da banda paulistana de heavy/thrash (como o próprio site oficial a rotula) Ancesttral, The Famous Unknown, caso desconsideremos o EP Helleluiah (2005) em suas duas versões, tradicional e web single, e o promo single Lost In Myself (2006). A banda é composta pelo já citado Brito nas guitarras, Alexandre Grunheidt (guitarra e vocal), Renato Canonico (baixo) e Billy Houster (bateria). Não vou dizer que ignoraria a notícia sobre o lançamento de CD de mais uma banda nova caso a tivesse lido na internet, mas confesso que fiquei mais interessado em conhecer o Ancesttral graças ao desperto nacionalismo jauense - sim, o mesmo que une multidões em torno do monumento de adoração ao nosso Guaraná 15. Pois é, admito, sempre agradável saber que um jauense também contribui para o meio musical de além-município, mais ainda quando se trata do bom e velho Heavy. Bairrismos á parte, a primeira impressão que tive ao ouvir TFU foi a esperada de qualquer álbum de veia thrash que se preze: o bom e velho soco no pâncreas.

Mas não só de espancamento de glândulas vive o sentimento de quem ouve um bom heavy/thrash...nesse ponto pretendo entrar, talvez, em um campo ainda inexplorado do significado da palavra “puto” ( adiantadas desculpas aos possíveis pioneiros no uso do significado em questão, por favor, não me processem!). Com esse uso espero humilde e singelamente que consiga transmitir, em parte ao menos, a minha mensagem acerca do que TFU pode causar. Aqui vai minha tentativa de explanação: imagine se toda a ação violenta causada por sentimentos ditos brutais, como ódio, a “putice” por assim dizer, pudesse ser convertida em coisas boas? Eis a metáfora: imagine a energia destrutiva de uma bomba atômica convertida em eletricidade, alimentos, cerveja, etc., enfim, usada para o bem da humanidade... Basicamente sustento a teoria de que os compositores de musicas pesadas e agressivas estão imbuídos dessa “putice” tratada acima, tendo como resultado uma (por que não?) benéfica bestialidade sonora. Dúvidas? Alguém?...bom...eu tentei...Vamos às músicas então!

Com mensagem maquiavélica entoada por voz feminina, digna das “vozes internas” amplamente culpadas por crimes cometidos por serial killers, We Kill é introduzida por relativa calmaria, com acorde de guitarra e bateria percussiva, quebrada por porradas de um instrumental nervoso, desembocando num meio termo rítmico que norteia o restante da música. Peso, muito peso. Destaque para o empolgante refrão, que não poderia deixar de ser temática para toda sorte de rodas punk por aí. Nesse ponto do CD (sim, o começo), as características do que me permiti denominar “música de puto” começam a aflorar: a musica te envolve, sua expressão torna-se extremamente fechada, perguntas como “chupou limão?” tornam-se pertinentes ao atual estado facial do ouvinte, e a técnica de headbang tende a ser aplicada, sugerindo a aprovação do que se ouve....Dentro do universo do CD, consideraria o nível de “putice” de We Kill como ótimo...o que a justifica como música de abertura.

Helleluiah começa também com vozes, entoando perceptivelmente uma oração. Em seguida, vem uma levada de guitarra sem distorção, acompanhada por bateria percussiva, levando-nos finalmente ao peso cadenciado que caracteriza a música. A cadência torna-se quase hipnótica no envolvente refrão. Certamente não discordaria se Helleluiah fosse considerada a melhor música do CD. “Música de puto?”, perguntará você. “Sim, com certeza, assim como todas no álbum”, assim o responderia, mas aqui vai um adendo: limitar-me-ei a denominar putas somente as musicas mais nervosas do CD a fim de dar-lhes seu merecido destaque, e tentar não deixar o termo tão enjoativo no decorrer dessa resenha.

The Famous Unknown, a faixa título, tem andamento médio e o peso característico do álbum. Apesar de ser bem tocada, com participação vocálica de Paul X (Monster), dói-me dizer que ela não tem muito a acrescentar a TFU além de seu interessante e antitético nome. Digo isso dada a pouca variabilidade temática do instrumental, começa do mesmo jeito que termina. Acredite, o Ancesttral tem destruição e conteúdo muito melhor a apresentar mais adiante...

E cá estamos, com mais mensagens perturbadoras iniciando músicas. Começo a temer criticar negativamente esses caras....meu Deus...E tome muito peso de guitas respaldado por levadas percussivas iniciando esta aqui. Demolition Man tem destaque nas linhas vocais, empolgantes desde o inicio, o que notabiliza a música no CD. Destaque também para Heros Trench (Korzus, que também mixou o álbum) nos solos, e Vítor Rodrigues (Torture Squad) nos backing vocals. Confundo-me com o “puto level” dessa aqui, acabando por classificá-la como razoável. Entenda-me: a empolgação transmitida por Demolition Man nos remeteria mais a amigos pulando ebriamente alegres, do que a uma benéfica bestialidade irada. Prefiro não arriscar, deixá-la-ei ao seu julgamento, caro leitor....

Contrariamente à música anterior, Lost In Myself não deixa dúvidas: eu a coloco como definitivamente a música mais puta do CD, alcançando o nível de excelência “Maaaanúúúúú´?!?!?” (agradecimentos ao Mundo Canibal pela perfeita expressão). Essa bestialidade sonora aqui começa de modo típico em relação ao CD... sim... vozes, dessa vez ao menos mostrando-nos uma noticia sobre tensões militares... Para não me esquecer de destacar nada, abstenho-me ênfases. Lost In Myself começa já com um riff nervoso, determinado, como introdução, a um ritmo cadenciado pela bateria. Tensão crescente até estourarmos em levada rápida e veloz, prontamente acompanhada por um discurso raivoso do vocal, e metralhadoras entoadas pelas semicolcheias das levadas de dois bumbos. Destaque para Denis Grunheidt (Damage Inc.), nos solos. Acho que senti uma ponta de faca no meu pâncreas... espero que seja só impressão...

Endless Trip é com certeza a música mais cadenciada e pesada do álbum. Apesar da pouca agitação física sugerida pelo seu ritmo lento, não me permitiria classificá-la como inferior à boa e velha “putice”. Isso se deve ao seu riff pesado, e principalmente, às linhas de vocais extremamente nervosas, por vezes angustiadas, e se viajarmos um tanto, passíveis de interpretação. Destaque para a participação nos vocais de Roger Lombardi (Sunset Midnight). Quanto ódio, que perturbação, quanta angústia...boa composição...

Put Me Trought, mantém também a linha cadenciada. Da pesada introdução até meados da música, segue sem grandes novidades, apesar de riffs de guitarra interessantes. Destaque para o solo no melhor estilo “levanta a bunda da cadeira seu merda”. Pois é senhores, confesso que estava prestes a fazer comentários aborrecidos desta aqui, até ouvir o ritmo veloz e nervoso do solo, este sim otimamente puto. Após a tormenta do solo, a música segue na relativa calmaria até o seu final.

O título da música seguinte muito me remete a esse maravilhoso período de janeiro, férias de verão em nosso querido “patropí”. Hell Is My Home segue com o melhor da dobradinha cadência/peso, comandada por um poderoso groove de batera e baixo, com pertinentes doses cavalares de peso de guitarra conforme a evolução da música. Otimamente puta, ótima música.

Visual Mask tem sua introdução sugerindo outra música cadenciada no repertório. Pura pegadinha do malandro (Há!). Eis que o instrumental torna-se altamente agressivo e vigoroso, e assim continua até o final. Destaque para as demoníacas vociferações de Vítor Rodrigues. Aliás, recomendo-os a checarem o trabalho dele com o Torture Squad. Minha experiência com o rapaz aí ao vivo me permite classificá-lo como “altamente from hell”. Infelizmente tive que sair do show quando meus ouvidos começaram a sangrar...Vale a pena conferir! Quanto à composição, boníssima, putíssima....

Feel My Hate certamente fecha o CD com estilo. Esta começa impondo respeito com agressivo riff, seguindo pesada até o fim. Apesar de sua presença, não diria que “cadência” se encaixe perfeitamente a essa música, mas liga não... temos peso e ira nos vocais pra compensar. “Yeah man, feel his hate!”. Iradamente puta. Destaque para os backing vocals urrados de Marcelo Pompeu (Korzus, também produtor de TFU).

The Famous Unknown, mostra claramente a síntese do thrash oitentista, e heavy noventista, que resultaram no que é o Ancesttral. Ainda que não possa ser considerada original, a banda nos brinda com algo que, se nos distrairmos demais, poderá nos ser negado: música bem feita e bem executada. Parabéns aos músicos, ótimo CD.

Ancesttral: www.ancesttral.com

Resenha originalmente publicada no blog From Here to Eternity em janeiro de 2008

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Symphony X . Paradise Lost . 2007 - A visão de um fã


Penso que algumas bandas são tão boas que acabam adquirindo uma importância social, com forte influência na saúde pública, em função de suas atividades. Do estúdio aos palcos, a tensão dos fãs cresce na medida em que o intervalo entre uma obra e outra aumenta com o passar do tempo tornando-se necessária, portanto, sua constante atividade. Entre exemplos óbvios temos os shows dos britânicos do Iron Maiden, Metallica, ou em caso mais trágico, Pantera, cuja separação foi motivo suficiente para um débil mental matar seu guitarrista, Dimebag Darrel. Antes de ofuscar o brilho da banda “homenageada” nesta resenha com essa verborréia trágica, já adianto que assim como as bandas acima, o Symphony X (SX) também brincou com a saúde de seu público cativo. Como disse o próprio vocalista da banda, Russell Allen, em seu show no Brasil – memorável junho de 2007! - “Yeah, I know... not cool guys”. Sim, estou levando para o lado pessoal como fã incondicional da banda...

Pois é, cinco anos se passaram desde o último CD, o fenomenal The Odyssey (TO), de 2002, que confirmava uma tendência evolucionista do SX, inovando aqui e ali em sua sonoridade, sempre passando a limpo e reinventando seu estilo único, que se tornou ícone dentro do chamado “prog metal”. Com olhar atento podemos facilmente notar a escalada da banda desde seu primeiro trabalho. O nível é mantido elevado desde seus primeiros passos, e a evolução é palpável. Com Paradise Lost (PL) não é diferente.

Homônimo ao épico escrito pelo inglês John Milton lançado em 1667, PL, em linhas gerais, segue a tendência pesada do álbum de 2002. Há, contudo, ainda mais peso em relação aos álbuns anteriores, em cujo apoio nota-se facilmente uma nova timbragem dos intrumentos. De qualquer forma, confesso que achei assustador o que ouvi nos últimos dias – uma dica: quem viu as fotos de Michael Romeo no estúdio em 2006 e notou sua perda de peso, o que em si já é uma surpresa, agora já pode teorizar sobre o rumo de toda aquela massa...

Os riffs de Michael Romeo não são menos que matadores, altamente influenciados pelo thrash metal. Os solos mostram a ótima forma do guitarrista, e mais uma vez justificam seu lugar no alto escalão do instrumento. O som de batera deve ser o melhor de todos os álbuns: clara, pesada, com destaques para o som de caixa, bem mais orgânica em relação ao captado no TO, e o impressionante som dos chinas - para os amantes da bateria, notem os chinas na faixa de introdução. Os teclados, além dos sons tradicionais, vêm com orquestrações mais presentes. Estas preenchem as músicas com maestria, conferindo às faixas, junto com os belos corais, uma incontestável atmosfera épica e etérea. Liderando essa porrada toda, temos um Russel Allen muito mais agressivo que o de costume, abusando dos drives e deixando de lado sua face lírica em grande parte do álbum. Em complexa discussão com meus camaradas, chegamos ao termo “ogro vociferante” para nos referirmos ao tio Russell. Imagino que os agraciados que o viram em ação ao vivo concordem com o título.

PL começa em grande estilo com a belíssima Ocullus Ex Inferni, que em vários aspectos me lembrou as partes orquestradas da TO marcadas por tempos quebrados, acentuados pela bateria. Destaque para a orquestra e corais, belos e envolventes, que apenas aumentam a expectativa pelo que virá.

Set the World On Fire (The Lie of Lies) vem em seguida com sua intro crescente em peso, culminante no assustador harmônico de Romeu, seguido de doses cavalares de peso da linha de batera magistral do pequeno gigante Jason Rullo. A música segue pesada até o cativante refrão, passando por solos virtuosos e belos de Romeo e Michael Pinella. Ótima música, mantendo o nível no rol de primeiras músicas do SX ao lado de Inferno e Of Sins and Shadows.

Domination se apresenta com uma intro no melhor estilo “soco no pâncreas”. Nesta aqui Michael Lepond se revela numa linha de baixo que lembra a de Sea Of Lies, seguida por porrada e mais porrada de guitarra e bateria, seguindo à risca a linha thrash de que já falamos. Prato cheio para rodinhas punks nos shows. Cadenciada e pesada do início ao fim, com direito a passagens hipnóticas e refrão facilmente memorizável. Ótima música.

Em Serpent´s Kiss a batera abre incisiva com uma frase no estilo In the Dragon´s Den, seguida por uma guitarra cortante. Nesta faixa, finalmente temos tempo para respirar. Não, a música não deixa de ser pesada, mas nela são alternados breves momentos de relativa calma a outros de extremo nervosismo. Destaque para a passagem orquestra/coral, que serve de base para a segunda parte do solo. Eu diria que trata-se de uma música venenosa se não corresse o risco de ser linchado pelo trocadilho infame.

A faixa título do álbum Paradise Lost foi considerada uma das mais belas compostas pelo SX. Belas linhas de piano e violão em conjunto (estou certo? O que ouvi foi mesmo um violão?). Aqui Russel mata a saudade dos tempos líricos de sua voz. Bela, melódica e acessível.

Eve Of Seduction é uma faixa particularmente interessante pela sua introdução. Suas linhas de guitarra podem causar certa estranheza naqueles que sempre consideravam o estilo do SX imutável. Me pergunto se a banda dos três Michaels não apresenta com ela uma dica de possíveis caminhos a serem trilhados nos próximos CDs. Pouco menos pesada que as demais, flui com mais facilidade. Boa composição.

Voltando ao peso imensurável e cadenciado temos a The Walls of Babylon, segunda faixa mais longa do disco. Guitarra dilacerante, passagens velozes com pedal duplo, atmosfera oriental. Independentemente do conceito desta musica, os corais me lembraram muito um grito de guerra no estilo do filme 300. Destaque para as frases criativas de Rullo durante os refrões.

Aqui está uma das musicas que mais me chamou a atenção no CD. O começo segue o estilo de Damnation Game, e parte para uma musica veloz e incrivelmente pesada apesar disso. Seven conta com performance avassaladora de Romeo, Rullo e Allen vociferando triunfal. Destaque para o que associei também á uma canção de guerra entoada por numeroso exército. No meio da música, guitarra e bateria compondo um poderoso groove acompanham o coral. Candidata ao top 10 do SX (lembremos do grande número de clássicos da banda de Jersey, a décima colocação já é ótima, convenhamos...).

The Sacrifice resiste ao rótulo de balada, e mostra-se, como todo o resto do CD, bem pesada, cadenciada , ainda que um pouco mais melódica. Destaque para as passagens de união entre piano e instrumentos de corda (perdoe-me a ignorância, mas não diria que é bem um violão), e no final (aí sim, tenho certeza!) vemos Michael Romeo no violão para finalizar, algo lento e belo, com pequenos deslizes de virtuose ao estilo Yamandú Costa.

Revelation (Divus Pennae Ex Tragoedia), a mais longa do CD, a segunda em que são mais evidentes as linhas diversas dos padrões da banda. Desta vez temos a presença de guitarras em terça, o que me lembrou muito algo do power ou melódico, que usam e abusam desse recurso. Outro traço destacável e fora do padrão é o refrão pitorescamente ritmado (seria uma valsa do demo?). Revelation brinda-nos com uma coletânea de todos os fatores que fizeram do SX a banda que é hoje. O emocionante final da faixa retoma o belo tema de Ocullus Ex Inferni, e, para a surpresa de muitos, remete-nos a um breve momento nostalgia com uma bela passagem de Divine Wings Of Tragedy (sim, agora o termo em latim que nomeia a música faz sentido!), adornada por vozes angelicais ao fundo. Mostra a primazia da banda em músicas longas, que fazem 10 minutos parecerem apenas 3. Bela, pesada, melódica, nostálgica, fecha o CD com chave de ouro.

Os cinco anos de espera valeram a pena. O Symphony X mais uma vez mostrou sua genialidade aliando peso, velocidade, virtuosismo, técnica, musicalidade, melodia entre inumeráveis fatores que, ao ouvirmos numa música pela primeira vez, nos fazem pular de susto, nos emocionar quem sabe, muitas vezes gritar para o nada “que porra é essa?!?!” enquanto socamos o objeto mais próximo (mantenha as crianças e bichinhos de estimação afastados), e manter o entusiasmo nas outras n vezes em que as colocamos para tocar. CD sensacional.

Symphony X: www.symphonyx.com

Resenha originalmente publicada no blog From Here to Eternity em setembro de 2007

Broadcasting yourself: não tem por que não fazermos algo a respeito


Fala moçada! Muito prazer, aqui quem vos escreve é Otávio Nuñez. Acho desnecessárias apresentações no estilo RG porque imagino que constam no meu perfil ao lado, mas acredito que esboçar aqui algumas idéias sobre o blog Set the World on Fire (SWF) será uma forma mais interessante de introdução, tanto da obra quanto do autor.

Leio desde pequeno, o que talvez tenha se revelado compulsivo às vezes. Não, não sou desses que varam madrugadas devorando livros um atrás do outro, preenchendo prateleiras em poucas semanas, tornando-me, conseqüentemente, figura bem quista entre aqueles que fazem da feitura de móveis sua profissão. Confesso, porém, que sofro de gula literária ainda que não tão, hum... voraz, digamos. Contudo essa fome de livros por enquanto não passa de uma biblioteca imaginária com uma plaquinha de “coisas que eu já devia ter lido”. Ainda assim, por vezes deparo-me com observações jocosas de amigos apresentando minhas manias literárias ao vivo enquanto flagram-me lendo um cardápio de lanchonete mesmo após ter feito o pedido, a despeito da mesa cheia de colegas. Isso - ainda bem - não é tão grave a ponto de implorar ao garçom que não retire o menu até que termine pelo menos a seção de cervejas, ao menos por hora... De qualquer forma, há algum tempo comecei a escrever resenhas de CDs motivado pelo blog de um camarada meu (www.fromheretoeternity.zip.net muito legal!) e por interessantes aulas de redação no cursinho, além do fato de que a simples leitura possa agir como criadouro de idéias, algumas para o bem, outras para o lixo...

Provavelmente não farei de meus comentários, muitas vezes herméticos demais para serem julgados sãos, um meio de vida - ainda mais se tratando de resenhas, crônicas, diários ou o que mais me ocorrer - mas não é mesmo essa a idéia. A proposta é a discussão, a busca pela pertinência de comentários, quem sabe um pedantismo e prolixidade sarcasticamente edificados (ou não), enquanto digito minhas impressões sobre uma obra de que provavelmente gostei. “Provavelmente gostei”, está aí a confissão da falta de imparcialidade, pessoalidade, sendo esta, por que não, um campo interessantemente fértil de discussões. Afinal, tal qual numa sagrada mesa de bar, não é assim que fomentamos conversas acaloradas, sarcásticas, animadas, tolas ­- entre outros adjetivos desejáveis - com os amigos?

Assim, com o incentivo da midiatização gratuita da internet - temos de aproveitar mesmo! -, resolvi criar o blog sob a razão social Set the World on Fire tendo como objeto social ou ainda o “intento fantasia” de expressar minhas idéias, levar a sério o lema do “Broadcast yourself”, slogan do You Tube, e poder, quiçá, contar com posts bacanas de amigos e partes interessadas. “Objeto social”? Sim! Imagino que apesar de não ter mentido acima, ajo como uma empresa que expõe sua “missão”, seus ideais a fim de enobrecer sua existência vinculada de fato à inadmitida fome de lucro. Em vista disso admito: a real idéia do SWF está, obviamente não no lucro, mas na economia com psicólogos. Não sei até que ponto a vida acadêmica comunicativa me influencia nisso, ou se trata simplesmente da mera humanidade (essa deve pesar mais), mas escrever, e por extensão me comunicar, é quase imperativo, uma terapia assim como o é tocar bateria, ouvir música, praticar esportes, ler, rir dos outros e de mim mesmo, curtir com os amigos e a família dentre todas as coisas oferecidas pela vida, pelos milênios de civilização, para vivermos melhor. Sim, originalmente, o SWF é um outro modo de me sentir bem e ainda vejo nobreza nessa idéia, assim como a vejo em outros blogs e trabalhos de amigos e colegas.

Sem mais delongas, seja bem-vindo para ler, comentar, rir, abominar, concordar, discordar e o que mais a web nos permite com nossas projeções digitais! Muito obrigado pela visita, divirta-se e um abraço!

Otávio Nuñez