Fala moçada! Aqui quem vos escreve é Otávio Nuñez, batera do Vandroya, a fim de falar um pouco sobre como foram as gravações das baterias do EP The Last Free Land. Pois é, após 5 anos do lançamento do EP Whithin Shadows (eu nem estava na banda ainda quando aconteceu...) teremos a satisfação de apresentar ao público mais composições. Que orgulho! ... enfim, comecemos a falar do que interessa antes que a coisa fique um pouco piegas demais para a galera headbanger ...
Bom, tudo começou em dezembro de 2008 quando, após mais um semestre de estudos acadêmicos em São Paulo, finalmente pude me dedicar à produção musical do Vandroya, planejada já há alguns meses. Pra variar o prazo era apertado, obviamente não por causa da glamorosa desculpa do “prazo das gravadoras”, ou ainda a questão do “tempo é dinheiro” que envolve as horas em estúdio, mas sim por minha culpa. Viajaria no dia 14 para os EUA, numa estadia de 3 meses, o que em tese atrasaria o processo caso as gravações fossem deixadas para depois... Enquanto curtia umas nevascas, cerveja à temperatura ambiente (-5ºC pra baixo, é lindo) e água congelada nos encanamentos, a galera da banda adiantaria as gravações por aqui... Ok, situação devidamente explanada e plano A em execução: dois dias pra levantar a técnica enferrujada de meses, e gravação no dia 9 de dezembro.
Cheguei ao estúdio às 17 horas e fui recebido pelo Tiago, que tratou de me mostrar a câmara frigorífica e a pequena na qual faria as gravações. Não se iludam pelo nome meus caros, a câmara vira uma sauna tão logo você acaba o aquecimento pré-gravação... De frigorífica mesmo só a porta, cuja maçaneta é muito divertida de se operar...
A menina que seria espancada sem dó nem piedade durante as sessões era uma Pearl Master Series, top de linha da marca, e na qual tive o orgulho – e sorte - de ser um dos últimos a fazer uma gravação... depois de encher os olhos com a bela batera, tratei de montar meus pratos e posicioná-la ao meu gosto. O único tambor que dispensei foi a caixa, substituída pela minha, um mimo de 14 por 8 polegadas, fabricada pela Odery. Enquanto montava minhas tralhas, cumprimentei o dono do estúdio Alexandre Carrozza, que acabava de chegar e que por sinal teria que me aguentar por um bom tempo em sua sala de comando, a ver...
Com o circo montado, dei uma ligeira saidinha para esperar o guitarrista e compositor do Vandroya, Marco Lambert, que vinha de Bariri. Conversamos e fizemos uns vidinhos toscos sobre a gravação, os quais tiveram como cenário a exuberante marginal do rio Jaú... valeu pela cerva que tomamos antes da labuta...
Maravilha! Ás 20 horas estávamos com batera montada e som passado. Tudo certo para a gravação não?... Quando fiz a pergunta imagino que você deve ter desconfiado que não... Se tudo fosse dar certo, porque raios faria uma pergunta dessas concordam? Pois é...
Explico: para gravar, além do metrônomo, eu usaria uma pista em midi, cujo programa que tornaria possível sua leitura e exportação para o software do estúdio foi um tanto difícil de conseguir. Resumo da ópera: só começamos as gravações às 23 horas, com direito a som de “grand piano” na pista, no lugar das guitarras. Comentário do Marco: “Cara, você é louco, mas você quem sabe...”. Sinceramente, depois de 3 horas “pilhado” para começar, a pista poderia ter som de oboé...
As gravações correram bem e levaram mais ou menos duas horas entre gravar, voltar para a “geladeira” corrigir eventuais erros e checar a timbragem inicial da bateria. O primeiro dia de trabalho estava concluído. Restariam ainda a edição e timbragens das bateras.
Passaram-se 7 meses... isso mesmo, 7 meses... um trimestre deliciosamente congelante em terras gringas mais um quadrimestre academicamente tenso na terra da garoa... mas enfim, quem quer saber de gelo e assuntos acadêmicos numa hora dessas? Finalmente férias de julho! Um tempinho para estudar bateria, engordar e editar as linhas de batera!
Dias curiosos... entrava em cena minha face freak para achar pêlo em ovo... Obviamente nada patológico o bastante para atrapalhar minha vida, apenas o suficiente para transformara vida de pessoas como o Alexandre, sempre preocupado com detalhes das gravações, num inferno. Aparentemente eu estava ouvindo notas e procurava ordem onde ele só ouvia um embolado caótico de semicolcheias. Pergunta recorrente: “Cara... onde diabos você ouviu essa nota?!”. Isso que dá pilhar nas músicas... freaking detalhismo... espero mesmo assim que seja o suficiente para garantir um bom resultado...
O que nos falta, caros leitores? Sim! Timbragem! E lá vamos nós em busca de um bom kick de bumbo e timbres de tambores! Localizemo-nos no tempo: 22 de dezembro de 2009. Pois é, há meses a produção do The Last Free Land tinha virado uma novela, com conflitos de horários e viagens de 50 léguas... mas o importante é que fique pronto! Pois bem, diria que algumas edições e escolha de timbres durante as festividades de fim de ano fizeram muito bem às linhas de batera. Ao final, pude aleluiamente mandar um email - no melhor estilo “CABEI *#*#*!” - para o Marco poder finalizar a produção com a mixagem e masterização do EP.
Com o sentimento de missão cumprida, agora é só aguardar moçada. Espero que gostem do trabalho! Abraço a todos!